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Sobre perda e luto

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A Alegria expande-nos, a tristeza implode-nos.

 

Estima-se que cada pessoa sofra ao longo da vida cerca de 40 perdas com significado emocional profundo. Assim a perda e o luto fazem parte da vida. Este facto, no entanto, não torna o processo mais fácil

Se olharmos para o caos criado por uma explosão facilmente percebemos a dilaceração, a destruição e o desmoronar do local da explosão e o quanto isso afeta e altera o que o circunda!

Implodir também faz estragos, faz estragos dentro de nós. Imaginem o caos causado por uma explosão contida no interior do nosso corpo!

A dor da perda é isso: uma explosão ao contrário, uma em que os cacos estão dentro, muitas vezes invisíveis a olho nu, mas nem por isso menos devastadores.

Quer se trate de uma explosão ou de uma implosão são necessários bombeiros e equipas de limpeza.

O local de uma implosão é de a cesso restrito, limitado e sensível, tão frágil que é preciso usar pinças! e além do mais, visto do lado de fora parece estar bem...

Sobre perda e Luto

O que é o Luto?

É um período de tempo, com duração variável, que precisamos de viver, depois de sofrer uma perda com impacto emocional profundo de forma a conseguir reorganizar-nos e continuar a viver com prazer.

Causas do Luto:

-Perda de pessoa que amamos (por exemplo por: separação; divórcio; morte)

-Perda de expectativa de afeto (por exemplo por: amor não correspondido; filho portador de deficiência mental grave)

-Perda de posição social (por exemplo por: desemprego persistente; alteração de estatuto social; quebra de rendimentos, ter de voltar a viver com os pais)

-Perda por dano ao amor-próprio (por exemplo por: amputação de membro; doença incapacitante; desfiguração)

 

É importante fazer o luto porque:

É uma exigência do corpo e da mente. É um processo gradual de nos libertarmos dos laços de vinculação e transformar a relação com a pessoa perdida ou com aquilo que perdemos, tendo em vista obter a paz interior e a reconciliação com a alegria de viver.

Intensidade do luto, do que depende?

-Da relação com a pessoa perdida ou com aquilo que se perdeu

-Das circunstâncias em que ocorreu a perda

-Da personalidade da pessoa enlutada

Algumas características do Luto:

-Pensamento constante focado na pessoa ou situação de vida perdida

-Desânimo profundo e penoso

-Desinteresse, certa apatia pelo mundo que a rodeia

-Perda (ainda que temporária) da capacidade de amar, sentir.

O que não deve dizer a uma pessoa em luto:

-“Sei como te sentes”. Na verdade não sabe. Mesmo que tenha passado por uma experiência semelhante. Cada pessoa e cada relação é única. Pode demonstrar empatia e falar da sua relação com a pessoa perdida, mas não diga que sabe como a pessoa se sente.

-“É a vontade de Deus”. Mesmo para quem partilha uma crença, esta frase, vinda de outro, não conforta. Soa insensível e desvaloriza o sofrimento da pessoa enlutada.

-“Se precisares de alguma coisa, diz”. É com certeza uma frase bem-intencionada, mas também vazia e vaga. Num momento de grande dor emocional, a pessoa em luto dificilmente consegue ligar e pedir alguma coisa a um amigo ou familiar. Em vez disso, pergunte/afirme coisas concretas: quinta-feira trago-te o jantar.

-“Tudo passa”. Neste momento de grande sofrimento, ser informado que se vai sentir melhor, parece uma coisa positiva, mas não valida o sentimento de dor e perda do enlutado, que é tudo o que ele precisa agora.

Como posso ajudar uma pessoa em luto?

-Deixe a pessoa falar, permita que expresse os seus sentimentos. Muitas vezes as pessoas acham que têm de “distrair” o enlutado, mas a pessoa em luto precisa de ser ouvida, precisa de expressar o que sente naquela circunstância e precisará de o fazer ao longo dos dias, semanas e até meses seguintes.

-Dê tempo ao luto. Construir laços demora, pois bem, desconstruí-los também! Cada um tem o seu tempo!

-Não atribua rótulos. O transtorno emocional de uma pessoa em luto pode ser tão forte que conduza a comportamentos e atitudes estranhas ou mesmo bizarras. Não esqueça que há tantos lutos quanto pessoas e há uma grande variedade de respostas comportamentais à perda e ao luto.

-Não compare “tragédias”, não faça do momento um momento para falar de si. Trata-se de escutar.

-A solidão é pior que a perda em si. Não desapareça da vida dos seus amigos em luto. Precisam de si.

“a dor é suportável quando conseguimos acreditar que ela terá um fim e não quando fingimos que ela não existe”. Allá Bozarth-Campbell.

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Céu Martins

Conselheira do luto pela APELO

Pós-graduada em Perda e Luto pela Universidade Católica Portuguesa

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